Mulheres negras se unem contra o racismo e a violência em marcha em Brasília

Mulheres negras de todo o país se reuniram hoje (18) em Brasília, na 1ª Marcha Nacional das Mulheres Negras.

Escrito por: • Publicado em: 18/11/2015 - 21:02 Escrito por: Publicado em: 18/11/2015 - 21:02

Rede Brasil Atual

 

A organização fala em aproximadamente 20 mil presentes em luta contra o racismo, a violência e as más condições de vida enfrentadas por essa população.

 

“Nos últimos anos, tivemos um grande processo de reformulação, de mudanças, de ampliação de direitos, de acesso a políticas e a bens e serviços. No entanto, quando a gente faz um recorte racial e de gênero, identificamos que as mulheres negras, um quarto da população, estão em condição de vulnerabilidade, de fragilidade, sem garantias”, diz a coordenadora do núcleo impulsor da Marcha, Valdecir Nascimento, coordenadora executiva do Instituto da Mulher Negra da Bahia (Odara). Dados do último Censo, de 2010, indicam que as mulheres negras são 25,5% da população brasileira (48,6 milhões de pessoas).

Isso não garante, entretanto, que elas tenham mais direitos garantidos. Entre as mulheres, as negras são as maiores vítimas de crimes violentos. De 2003 para 2013, o assassinato de mulheres negras cresceu 54,2%, segundo o Mapa da Violência 2015: Homicídios de Mulheres no Brasil. No mesmo período, o índice de assassinatos de mulheres brancas recuou 9,8%, segundo o estudo feito pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), a pedido da ONU Mulheres.

 

“A Marcha quer falar de como um país rico como o Brasil não assegura o nosso direito à vida. Queremos um novo pacto civilizatório para o país. O pacto atual é falido e exclui metade da população composta por mulheres e homens negros”, diz Valdecir.

 

A concentração da 1ª Marcha das Mulheres Negras começou no Ginásio Nilson Nelson, na região central da capital federal. O grupo seguiu caminhada em direção à Praça dos Três Poderes, às 9h.

 

Chegando em seu destino final, a marcha encontrou com um grupo, que pede o retorno da ditadura militar e o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, ali acampado. Um policial civil de Sergipe jogou bombas contra os manifestantes e disparou quatro tiros para o alto. Detido na frente do espelho d'água, alegou que se sentiu ameaçado.

 

Junto às bandeiras, estavam a diretora executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, ex-vice presidenta da África do Sul, e a ex-integrante do grupo Panteras Negras e do Partido Comunista dos Estados Unidos, Angela Davis. Também esteve presente Gloria Jean Watkins, mais conhecida pelo pseudônimo bell hooks, autora, feminista e ativista social norte-americana.

 

A primeira manifestação que reivindicou os direitos da população negra no Brasil ocorreu no dia 20 de novembro de 1995. A luta já apresentou resultados, com políticas mais inclusivas e maior igualdade. Agora, a Marcha das Mulheres Negras apresentam as novas pautas em busca de mais direitos.

 

"O Brasil vive um momento de fazer o desenvolvimento das mulheres negras fora da pauta. Nós não admitimos isso. Agora queremos decidir no poder, não vamos delegar a nossa representação a ninguém. Essa é a grande virada", disse Vilma Reis, socióloga, ativista do Movimento de Mulheres Negras, Ouvidora Geral da Defensoria Pública do Estado da Bahia.

 

O movimento listou as seguintes pautas reivindicadas pelas mulheres negras:

– O racismo, o machismo, a pobreza, com a desigualdade social e econômica, tem prejudicado nossa vida, rebaixando a nossa auto-estima coletiva e nossa própria sobrevivência;

– O fortalecimento da identidade negra tem sido prejudicado ao longo dos séculos pela construção negativa da imagem da pessoa negra, especialmente da mulher negra, desde a estética (cabelo, corpo, etc.) até ao papel social desenvolvido pelas mulheres negras;

– As mulheres negras continuam recebendo os menores salários e são as que mais têm dificuldade para entrar no mundo do trabalho;

– A construção do papel social das mulheres negras é sempre pensada na perspectiva da dependência, da inferioridade e da subalternização, dificultando que nós possamos assumir espaços de poder, de gerência e de decisão, quer seja no mercado de trabalho, quer seja no campo da representação política e social;

– As mulheres negras sustentam o grupo familiar desempenhando tarefas informais, que as levam a trabalhar em duplas e triplas jornadas de trabalho;

– Ainda não temos os nossos direitos humanos (direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais) plenamente respeitados.

 

Com informações dos Jornalistas Livres e da Agência Brasil

Título: Mulheres negras se unem contra o racismo e a violência em marcha em Brasília, Conteúdo: Rede Brasil Atual   A organização fala em aproximadamente 20 mil presentes em luta contra o racismo, a violência e as más condições de vida enfrentadas por essa população.   “Nos últimos anos, tivemos um grande processo de reformulação, de mudanças, de ampliação de direitos, de acesso a políticas e a bens e serviços. No entanto, quando a gente faz um recorte racial e de gênero, identificamos que as mulheres negras, um quarto da população, estão em condição de vulnerabilidade, de fragilidade, sem garantias”, diz a coordenadora do núcleo impulsor da Marcha, Valdecir Nascimento, coordenadora executiva do Instituto da Mulher Negra da Bahia (Odara). Dados do último Censo, de 2010, indicam que as mulheres negras são 25,5% da população brasileira (48,6 milhões de pessoas). Isso não garante, entretanto, que elas tenham mais direitos garantidos. Entre as mulheres, as negras são as maiores vítimas de crimes violentos. De 2003 para 2013, o assassinato de mulheres negras cresceu 54,2%, segundo o Mapa da Violência 2015: Homicídios de Mulheres no Brasil. No mesmo período, o índice de assassinatos de mulheres brancas recuou 9,8%, segundo o estudo feito pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), a pedido da ONU Mulheres.   “A Marcha quer falar de como um país rico como o Brasil não assegura o nosso direito à vida. Queremos um novo pacto civilizatório para o país. O pacto atual é falido e exclui metade da população composta por mulheres e homens negros”, diz Valdecir.   A concentração da 1ª Marcha das Mulheres Negras começou no Ginásio Nilson Nelson, na região central da capital federal. O grupo seguiu caminhada em direção à Praça dos Três Poderes, às 9h.   Chegando em seu destino final, a marcha encontrou com um grupo, que pede o retorno da ditadura militar e o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, ali acampado. Um policial civil de Sergipe jogou bombas contra os manifestantes e disparou quatro tiros para o alto. Detido na frente do espelho d'água, alegou que se sentiu ameaçado.   Junto às bandeiras, estavam a diretora executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, ex-vice presidenta da África do Sul, e a ex-integrante do grupo Panteras Negras e do Partido Comunista dos Estados Unidos, Angela Davis. Também esteve presente Gloria Jean Watkins, mais conhecida pelo pseudônimo bell hooks, autora, feminista e ativista social norte-americana.   A primeira manifestação que reivindicou os direitos da população negra no Brasil ocorreu no dia 20 de novembro de 1995. A luta já apresentou resultados, com políticas mais inclusivas e maior igualdade. Agora, a Marcha das Mulheres Negras apresentam as novas pautas em busca de mais direitos.   "O Brasil vive um momento de fazer o desenvolvimento das mulheres negras fora da pauta. Nós não admitimos isso. Agora queremos decidir no poder, não vamos delegar a nossa representação a ninguém. Essa é a grande virada", disse Vilma Reis, socióloga, ativista do Movimento de Mulheres Negras, Ouvidora Geral da Defensoria Pública do Estado da Bahia.   O movimento listou as seguintes pautas reivindicadas pelas mulheres negras: – O racismo, o machismo, a pobreza, com a desigualdade social e econômica, tem prejudicado nossa vida, rebaixando a nossa auto-estima coletiva e nossa própria sobrevivência; – O fortalecimento da identidade negra tem sido prejudicado ao longo dos séculos pela construção negativa da imagem da pessoa negra, especialmente da mulher negra, desde a estética (cabelo, corpo, etc.) até ao papel social desenvolvido pelas mulheres negras; – As mulheres negras continuam recebendo os menores salários e são as que mais têm dificuldade para entrar no mundo do trabalho; – A construção do papel social das mulheres negras é sempre pensada na perspectiva da dependência, da inferioridade e da subalternização, dificultando que nós possamos assumir espaços de poder, de gerência e de decisão, quer seja no mercado de trabalho, quer seja no campo da representação política e social; – As mulheres negras sustentam o grupo familiar desempenhando tarefas informais, que as levam a trabalhar em duplas e triplas jornadas de trabalho; – Ainda não temos os nossos direitos humanos (direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais) plenamente respeitados.   Com informações dos Jornalistas Livres e da Agência Brasil



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