Ramos químico e vestuário discutem combate ao racismo frente às plataformas apresentados nessas eleições

17/09/2018 - 10:17

Atividade compõe agenda de projeto realizado em parceria com AFL-Cio. Clima eleitoral e análise das plataformas apresentadas pelos candidatos à presidência da república permearam o debate

Nos dias 13 e 14 de setembro, na cidade de São Paulo, dirigentes sindicais que atuam na região sudeste do país, ligados aos ramos químico e vestuário da CUT, participaram do segundo encontro do projeto denominado "Políticas e Combate ao Racismo nos Ramos Químico e Vestuário da Central Única dos Trabalhadores".  O projeto foi construído  e está sendo desenvolvido em parceria com o Solidarity Center da AFL-Cio e sua estrutura consiste na realização de seminários temáticos regionais envolvendo dirigentes filiados à CNQ e CNTRV. A primeira etapa aconteceu em abril desse ano em Salvador e reuniu sindicalistas da região nordeste. (Saiba como foi)

Racismo e eleições

Segundo Jana Silverman, diretora de programas para o Brasil da AFL-Cio Solidarity Center, entidade parceira da CNTRV, os debates ocorridos em São Paulo centralizaram a questão eleitoral. "O clima eleitoral e como isso está impactando especialmente na vida dos trabalhadores negros e negras foi a questão central dos debates. Não focamos somente no racismo no local de trabalho, mas sobretudo no clima mais generalizado de racismo com essa ameaça da retomada do poder pela ultradireita", relata.

O genocídio da população negra também foi um assunto abordado pelos participantes. "A violência da polícia e o sistema carcerário relacionado com o sistema de justiça no Brasil foi outro tema bastante discutido. Os participantes concordaram, como sindicalistas negros e negras, que é importante  promover o combate ao racismo também dentro das comunidades e não somente nos locais de trabalho", conta Silverman.

Para Cida Trajano, presidenta da CNTRV, a diferença na qualidade do emprego e da renda da população negra é uma das atitudes racistas mais evidentes no Brasil. "Nos governos de Lula e Dilma, tivemos avanços importantes para a reparação histórica sobre a população negra. Sobretudo, os programas de inclusão de jovens negros nas univerdades criaram uma nova expectativa de futuro. Após o golpe, essa expectativa está fortemente ameaçada. O desenvolvimento com distribuição de renda e garantia de direitos e oportunidades é o caminho para que haja equilíbrio social e salarial  entre negros e brancos, homens e mulheres. Lutar pela igualdade de oportunidades independente de raça, sexo, orientação sexual, dentre outros aspectos humanos, é papel de todas as entidades sindicais. Há muito a ser feito desde o local de trabalho e esse programa de formação é mais um passo nessa tarefa".

Plano de trabalho

Na visão de Jana Silverman, os seminários realizados nas regiões nordeste e sudeste, além de produzirem conhecimento, resultaram em ações práticas determinantes para o combate do racismo nos locais de trabalho. "Os planos de ação definidos pelos participantes dos 2 seminários são bastante parecidos. Tudo aponta para o fortalecimento de coletivos regionais de combate ao racismo, desenvolvidos conjuntamente pelas duas Confederações (CNQ e CNTRV), já que há um processo de fusão dessas entidades".

O projeto prevê ainda a  realização do Encontro Regional Sul, ainda sem data definida.